Data de postagem: Apr 02, 2020 7:23:25 PM
Por Andrea Kotzian Pereira
O momento da Pandemia do coronavírus que estamos vivendo desperta, sem dúvida, ansiedade e um misto de sentimentos e de incerteza frente a uma situação nova e desconhecida. Sabíamos o que estava acontecendo em outros países, mas, esta realidade ainda era distante, até bem pouco tempo. Chegado este período, nos vemos diante de muitas mudanças que nos levam a pensar e repensar a forma como vínhamos levando nossas vidas.
Este é um momento em que se faz necessário um recolhimento. Não temos como prever o que irá acontecer, mas podemos nos cuidar. É uma fase de muitos cuidados, de autopreservação e contribuição para o bem comum e que será temporária. Cada um de nós irá lidar de uma maneira, muitos poderão negar a situação acreditando que não serão afetados pelo vírus, outros ficarão com muita raiva pelas limitações que irão sofrer, assim como uma tristeza que poderá nos paralisar na tomada de atitudes. Precisamos estar atentos a forma como lidamos com a situação atual e conhecermos nossos medos e limitações.
O medo pode ser um fator protetor, desde que não seja tão intenso a ponto de nos bloquear para tomarmos decisões. Afinal, como não ter medo de algo novo, pouco conhecido e que atinge a população como um todo? A intensidade deste medo é que será o fator norteador.
As informações sobre a pandemia do coronavírus são importantes e podem nos dar segurança se forem de fontes confiáveis, porém, em excesso, assim como os nossos medos, podem nos paralisar e tomar conta das nossas vidas. Precisamos dosar as informações, pois este vírus não é a totalidade das nossas vidas, é algo novo que surgiu.
E por que não aproveitar este período para fazer atividades diferentes, como aquelas que não se tem tempo quando somos tomados pela rotina diária? Poder fazer o seu tempo e não deixar que o tempo se encarregue de você. Evite ficar sem fazer nada, pois a inatividade pode produzir desânimo. Este pode ser um período para descobrir o que se gosta de fazer, assim como de fazer atividades que ajudem a relaxar e favorecer o contato familiar, quando o confinamento social se dá desta maneira.
Quando esta fase terminar, o mundo certamente não será mais o mesmo e nos deixará muitos aprendizados. Quem sabe possamos ser menos exigentes conosco e com os demais, aprendermos a nos cuidar mais e dos outros, assim como podermos desenvolver cada vez mais a empatia. Que as nossas angústias possam nos mobilizar em direção a ações que, mesmo sendo isoladas, impactem o outro e adquiram um sentido quando se faz o bem maior da humanidade. Estamos vivendo uma grande mudança e para poder elaborá-la precisamos saber aceitá-la e lidar com ela.
Andrea Kotzian Pereira
Psicologa, Doutoranda em Psicologia pela UCES/Argentina,
Mestre em Psicologia Clínica pela PUCRS,
Especialista em Psicoterapia da Infância e Adolescência pelo CEAPIA.